terça-feira, 19 de julho de 2016

Exposição ‘No Espaço entre Nós’ leva ao Museu da República uma instalação interativa do escultor Helio Rodrigues. Uma obra em que os coautores são adolescentes da favela e da classe média carioca que foram misturados pela arte.

"'No espaço entre nós' é uma instalação otimista, porque aponta para a possibilidade de reduzir conflitos usando a arte como mediadora. Apesar de parecer muito simples e para muitos uma ideia romântica, a força da linguagem artística para tratar problemas sociais tão eminentes como os nossos, ainda é pouco explorada. A arte aproxima, liga. Na verdade a arte salva porque se nutre e se fortalece justamente com as diferenças”, diz Helio Rodrigues.

Há muitos anos trabalhando como artista e como arte-educador respectivamente, recentemente Helio passou a integrar sua arte às suas experiências arte-educacionais.

“Fui motivado pela urgência criativa e pela presença da intolerância que venho assistindo entre as crianças economicamente privilegiadas e as crianças e jovens da periferia social.”

Depois de algum tempo coordenando trabalhos arte-educacionais em espaços físicos e economicamente diferentes, ou seja, crianças e adolescentes de favela ou crianças e adolescentes de classe média, surgiu a necessidade de discutir com alguns jovens representantes desses dois grupos, esse grande vazio existente entre eles; um vazio que é quase sempre promotor da intolerância e até da violência. Para promover essa discussão, a palavra foi substituída pela arte. Uma experiência que resultou em um importante diálogo além de ricas reflexões para esses jovens.
Todo o processo até chegar à exposição foi desenvolvido durante alguns meses por uma equipe de arte-educadores e de adolescentes voluntários que tiveram como ponto de partida o desafio de pensarem e agirem artisticamente a partir das seguintes questões:
- Como eu trato as distâncias (sociais, econômicas etc.) que nos separam?
- O que pode me aproximar de um “outro” aparentemente tão diferente de mim?
- Como eu posso pensar ou solucionar com arte o espaço vazio que existe entre nós?

Com o apoio de suas imagens físicas transformadas em sombras (com o auxílio do teatro chinês) e também de tintas, bastões, papéis... esses jovens foram provocados a trazerem suas ideias e torna-las expressão fazendo uso desses recursos.
A proposta de se tornarem todos sombras, fez com que eles abandonassem suas imagens exteriores, em geral tão conectadas às suas identidades sociais, para assim buscarem expressão unicamente na linguagem artística.

Os jovens dos dois grupos, com idades entre 12 e 15 anos foram misturados para compor as 36 mandalas expostas em movimento pela animação criada por Marcos Magalhães e sonorizadas por depoimentos dos participantes que foram filmados por Mauricio Salles.

Até o momento, os dois grupos não se conhecem e só se encontrarão dentro do espaço expositivo do Museu em uma pré inauguração reservada às vésperas da abertura da mostra, dia também reservado
para a imprensa. (ver data abaixo)

Além da instalação com forte apelo audiovisual, o público poderá também interagir, produzindo soluções com réplicas reduzidas em sombras imantadas que se movimentam sobre caixas de luz e materiais de arte que estarão disponíveis.
Os trabalhos criados irão para o Facebook da mostra, e os visitantes poderão guardar e compartilhar suas criações, com a hashtag #noespacoentrenos.

Depois de alguns meses de desenvolvimento desse trabalho, a exposição: No Espaço entre Nós, chega ao Museu da República onde ficará exposta ao público a partir do dia 6 de agosto.


Serviço:
Exposição ‘No espaço entre nós’ – Instalação de Helio Rodrigues
Abertura da exposição reservada para o encontro dos jovens participantes e imprensa: Dia 4 de agosto entre 14:00 e 15:30 H.
Exposição ao público: De 6 de agosto a 4 de setembro de 2016
Funcionamento: Quinta e sexta-feira, das 11h às 17h. Sábado e domingo: das 12h às 18h
Museu da República. Sala de Arte-Educação. Rua do Catete, 153 – Catete. Telefone: 2127-0324
Classificação livre
Grátis



Sobre Helio Rodrigues:

Artista plástico e arte-educador, Helio nasceu no Rio de Janeiro em 1949. Iniciou sua carreira profissional em 1968, no Brasil. Expõe regularmente na Bélgica, Alemanha e EUA desde 1986. Participa de bienais e feiras de arte desde 1980. Em 1971, passou a ministrar o Curso para Formação de arte-educadores (FORMAE). De 1980 até hoje, atua como consultor para conteúdos arte-educacionais em escolas. Desde 2007, integra a equipe acadêmica do Instituto PróSaber, como professor de arte-educação e a de profissionais do Baalaka-Centro de arteterapia. Coordena o projeto social Eu Sou, que tem como objetivo reconstruir através da arte a identidade de jovens moradores de comunidades de risco. No Jacarezinho, as oficinas do projeto começaram a acontecer em 2006, com patrocínio da empresa Farmoquímica.

















MAKING OFF
Um pouco de todo o processo feito com os jovens durante seis meses de trabalho.

Jovens do CEAT





















Jovens da Favela do Jacarezinho: